sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Puramente amor de carnaval.

Na alegria e no empurra-empurra, ela soltou um sorriso perveso que me atingiu. Eu adorei aquele toque sincero do olhar dela, que era profundo demais para um sentimento de carnaval. Ela me fitava, e me olhava demais, e me tocava. A cor do olho dela era tão presente em mim que eu não tinha saida senão olha pra ela. E ela segurou na minha mão e me beijou. De lá pra cá eu só lembro da saudade. 

A angustia de ter os lábios de volta tocando o meu me deixa um pouco louco, solto, leve, sem segurança de mim mesmo. Eu preciso de um chão de razão para entender que um beijo significa muito mais que um simples ato de um amor de carnaval. O poeta já dizia, que seja eterno enquanto dure. Por mim, transformaria minha vida num bloco, os dias se estenderiam....Eu quero viver outro carnaval para tê-la ao meu lado. 


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sobrevivendo os carnavais.

Ter 102 anos de vida não é pra qualquer um, principalmente quando todos esses anos foram passados segurando multidões pelas ruas apertadas do Recife, como a do Bom Jesus, e pelas ladeiras de Olinda. Ou seja, são 102 anos de pura experiência, folia, irreverência... Quantas vezes ele não passou em frente a uma casa, com um jovem apaixonado e triste e não fez o camarada soltar o banzo e cair na folia?

Ainda na sua juventude, foi auxiliado por grandes nomes da música brasileira, como Capiba e Nelson Ferreira. Os bailes e os blocos só tinham alegria porque ele estava presente, exaltando o riso por entre os confetes e serpetinas. Essa figura centenária de quem eu falo é o nosso frevo que, durante todo sua imensa vida, nos trouxe alegria e amor. 

Mas nem sepre ele teve motivos para nos dar riso, como na década de 1960, quando as escolas de Samba surgiram e fizeram o samba-enredo invadir os clubes. Na década de 1980 foi a vez do axé Baiano ganhar sucesso de dimensões nacionais e preocupar o nosso frevo em nossos carnavais. Mesmo com toda essa intermitência, movidos por uma saudade intrisica, abrimos os braços e cantamos pedindo a sua volta. 

Hoje, o frevo virou uma necessidade de qualquer folião. Como um bom parente, cuidamos bem desse frevo idoso, mas que se recicla a cada ano com figuras importantes da nossa música. Nomes jovens como China, Maria Rita, artistas que têm na veia o sangue da inovação atrelada à preservação de uma arte que se sustentou por 102 anos, vivendo e amando todos carnavais. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Escolhas e rótulos

Alguns historiadores atestam que a mania de vestir, rotular, dar nome às coisas é costume ocidental. O que enche essa afirmativa de verdade é  a Colonização dos Portugueses, que se espantaram com a forma dos índios se portarem  em sua sociedade: completamente nus. É como se fosse puramente inseguro obter qualquer coisa sem identificação. 

No interior do país, principalmente no Nordeste, precisamente em São Lourenço da Mata, tem-se a mania de colocar além do nome, um apelido. No interior distante é mais para uma questão de reconhecimento, ou melhor, discernimento por conta da quantidade extensa de pessoas com o mesmo nome. Na Paraíba, na cidade de Santa Rita, um amigo me contou que tem três Josés, cinco Joãos e seis Marias na mesma rua. A saída é usar as abreviações dos nomes ou os defeitos físicos dos ditos cujos. Como Maria cangáia, José "cheiro de Bunda". 

Outra coisa interessante dos rótulos sãos os produtos que consumimos e, segundo meus amigos dos Direitos Humanos, tem muito também da sedução alienadora das propagandas. Mas, quem nunca chamou achocolatado de Nescau, Leite condesado de Leite Moça, que atire a primeira pedra. Melhor ainda: quem nunca chamou esponja de Aço de Bombril, Fita adesiva de Durex, Cópia de Xerox, Lâmina de Barbear de Gilette? Coisa do subsconsciente e do senso comum. 

Nas cidades marcadas pela tradição e de postura conservadora há uma grande movimentação com o Batismo. Muito oriundo da cultura católica e, claro, da lógica dos nomes. Os antigos Coronéis faziam a maior questão de escolher o nome do Filho, principalmente se fosse homem. 
A mãe dizia que queria Rafael porque era um nome doce, de artista e combinava com o filho. O pai queria Manoel, João, Astrogildo, Fernão Alencar, alegando "força" no nome. Tudo bem que o filho tivesse o nome forte, mas nunca houve um caso que indicasse fragilidade por nome. 

Coisas dos nossos rótulos, de nossa necessidade de vestir alguma coisa. Na maioria das vezes, baseados em preconceitos. Na estrutura da formação social principalemente. Para quem é estudante e está nessa famosa dúvida do vestibular, depara-se com essas frases feitas ridículas: Quem é de Direita faz Direito e quem é de Esquerda faz história. Se bem que, metaforicamente, é verdade, mas não tem nenhum fundo de verdade, issso não é uma regra, e sim um grande rótulo. Cuidado com suas escolhas, para elas não serem vítimas de um rótulo. 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

À flor da pele, de corpo e alma.

No  ano de 1997, numa quarta-feira como esta, eu fui pela primeira vez para o estádio José do Rêgo Maciel assistir o primeiro jogo  do clube que eu me tornaria fiel torcedor. Doze anos se passaram e grandes emoções eu presenciei, outras ouvi de longe pelas ondas do rádio. Algumas fiquei roendo unha pela Tv, como a final do pernambucano de 2000, cujo certame o tricolor perdeu para aquele esquadrão rubro-negro que fechou a década de 1990. 

Lembro-me como hoje que naquele time da praça da bandeira existia um introsamento invejoso e muito carrasco do nosso tricolor. Em 1995, época que não frenquentava as praças esportivas, fomos penta campeões em cima do sport, na Ilha do Retiro. No biênio 2001 e 2002 perdemos para o Náutico. Mas ninguém nos segurou naquele já distante 2005, época de nossa ascensão á elite do futebol brasileiro. 

O reinado das três cores durou pouco, apenas um ano, e de forma mais trágica eu fui vendo o seu declínio. Entretanto, provocado pelo senso do amor, da paixão incondicional e das perspectivas políticas, o novo dirigente abriu seu coração coral e reergueu o monumento da história do futebol de Pernambuco, e junto com esta magnífica obra, eis que renasce o meu glorioso Santa Cruz Futebol Clube. 

No estadual desse ano, começou de forma tímida, um espetáculo amistoso nas quatro linhas. Mas, com o tempo, o time repleto de novatos foi se encontrando e mostrando para que veio. Hoje, nesta quarta-feira, doze anos depois do primeiro jogo que fui nas arqubancadas do Arruda, escuto pelo rádio a primeira participação tricolor na Copa do Brasil sem uma definação da série que disputará o brasileiro propriamente dito. 

Isso não é problema. O meu amor pelo Santa não tem série. O placar de hoje espero que seja o mais positivo possível. E vamos à vitória. Esse escrete desconhecido e ainda imaturo - alguns pelo menos - tem tudo para se destacar esse ano apenas por um simples ato: o da superação. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Recife e Olinda em 40°

O carnaval já mostra seus sinais. Pra a falar a verdade, quando o relógio indica primeiro de janeiro, já tem folião e orquestra puxando um vassourinha, um Hino do Elefante. Isso é genético de qualquer pernambucano e contamina rapidamente  o primeiro turista que passe perto das ruas saudosas do Bairro do Recife ou das ladeiras Olindenses. 

A irreverência corre solta, o riso é onipresente - pelo menos em alguns momentos. Os jornais acionam suas lentes para beleza colorida que começa na sexta-feira e, muito a contragosto, anuncia seu final na quarta-feira de cinzas. 

Chico Buarque, na década de 1970, gravou uma música chamada Rio 42, que ficou como grande sucesso com As Mariposas. Na marchinha, super tendenciosa às mensagens mais sbuvertidas e reais do antro político, o compositor dispara ao dizer que, "se a guerra for declarada no domingo de carnaval, verás que um filho  não foge a luta. Brasil,  recruta o teu pessoal". 

Imagine, realmente, que cada bloco fosse um batalhão fantasiado, com homens e mulheres dispostos a dar um salto no progresso, mudar a " cara" desse país?  Em cada canto do país, durante fevereiro, fosse uma barricada da paz e da mudança? No Rio e São Paulo, no sambodrómo; na Bahia,  com os trios e afoxés; Recife com o Frevo, Maracatu e Ciranda; O Boi do Maranhão. 

Em cada canto do país uma revolução colorida e diposta, siginificativa de cada povo desse país multicultural. Ah, e se isso realmente acontecesse? Daqui a uns anos, nos livros de História, existiria um capitulo para o "Fevereiro de 2009!" 

Puramente igenuo, mas é sonho de carnaval, e esse é essencialmente feito com alegria e irreverência. Agora, se você quer realmente que isso aconteça, siga a receita de Chico Buarque: "Se aliste, meu camarada, a gente vai salvar nosso carnaval". 

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Os Lábios

No dia que beijei tua boca

Foi única felicidade triste

Em ver teus lábios tão riste

Tão perto, tão certo de minha Boca

E a única coisa louca

É saber que ele, sempre,

Não terei mais

Não sei se o que me angustia

É não tê-lo

Ou a certeza de saber que ele

Nunca mais...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Uma História sem pé nem cabeça assim como o amor - PARTE II

Quando as coisas mudam o sentido, procuramos encontrá-lo na forma que mais nos agrada. Difícil mesmo foi sair à procura de algo que preenchesse o espaço que sobrou desde a partida dela, naquele fim de tarde. Foi um fim de tarde de domingo, muito esquisito. Já era quase noite, as ruas iluminadas por aquelas lâmpadas públicas amarelas, que dão um ar perigoso, assombroso, como se você estivesse sendo seguido por alguém. Embora tivesse muita gente no bar da esquina, sem a pessoa que eu amo, a solidão é maior em qualquer sentido e, dentre todos esses sentidos, quero um que agrade a minha circunstância. Demorou um pouco para afastar as dores que sobraram. Algumas vezes, enquanto lia um poema, ouvia música, ia correndo até o quarto, ou até à cozinha, para contá-la a nova descoberta e acabava esbarrando na tal ilusão acompanhada do sentimento fúnebre e estranho que é estar só. Mesmo com essas ilusões, e com um tempo que demorou a passar, voltei à minha vida normal. 

Consegui um emprego de historiador em um Instituto Federal. O salário é bom, as pessoas com quem eu trabalho são maravilhosas. Mas há um coisa que me deixa um pouco preocupado. Abracei intensamente o meu trabalho. Tenho me dedicado a criar uma teorias humanísticas, baseadas em outras teorias, de outros filósofos e, por mais que as teorias sejam humanísticas, eu perdi o meu lado humano de viver. Aprendi a valorizar demais os debates sobre quem é melhor: Marx ou Adam Smith?. Aprendi a me acostumar  andar pelas ruas observando as marcas, os produtos, e declarar que todo mundo é vítima de um sistema, é manipulados, e eu mesmo esqueci de olhar por quem estou sendo manipulado. Pra falar a verdade, eu cansei de ouvir as pessoas falarem que Marx realmente é complexo - e, na maioria das vezes, pessoas que nem  leram o livro do rapaz. E isso me fazia criar um desânimo. Na verdade, eu estava entrando numa vida monótona, descuidada. As coisas se repetiam e eu adorava aquilo. A pior situação que pode ocorrer sobre a humanidade é o mal da rotina , da repetição. Isso a deixa enclausurada, sem condições sobre qualquer coisa, principalmente sobre si mesmo. 

Eu estava lendo um livro em casa. Depois da partida dela, eu mudei de apartamento. Moro, hoje, em um mais apertadinho, mas onde cabe todos os meus livros, a minha Tv, meu computador e minha vida única e repetida. Na minha vida, depois dela, são as mesmas pessoas: o Padeiro, o pessoal do instuto, meus alunos, meu vizinho e o entregador do jornal. E quando foi que eu percebi que minha vida estava única e repetida? Quando uma aluna chegou para tirar uma dúvida. 
- Professor...
- João, por favor..Evite o professor.
- Certo, JOÃO. Queria conversar com o senhor sobre uns assuntos de Filosofia. Pode ser?
- Claro, vamos ali. 
- Eu sou filha única, João. E esse ano, ano de vestibular, sinceramente, eu não aguento mais. Minha mãe tá um saco, vive pegando no meu pé. Diz que eu tenho que passar porque eu tenho que passar...
- Ah, como os tolos adoram um titulo para esnobar...
- O que disse?
- Hã? Nada, continue. 
- Então, além disso, eu to em dúvida entre Jornalismo e Engenharia. 
- Isso quase não é muito filosofia, mas tudo bem...
- É que foi a única forma de eu chegar no senhor..
 - Sim, tudo bem. Vamos lá. Veja, você tem que entender...