sexta-feira, 27 de março de 2009

O ser romântico.

E quando tudo caminha para o não exato, a porta do amor fica entreaberta. Ninguém sabe se entra ou se sai, se ama ou deixa de amar. As inseguranças, principalmente a de ter medo de se iludir, deixam infectado o nosso ser de escuridão profunda diante dessa porta, sem saber a saída. O pobre do relógio se apequena ao ver tamanho sentimento o apressar, e se aperta,o coitado, prendendo o nosso bem-querer nas cortinas de um tempo que teima em fechar a saída. Ah, mais tolo ainda é quando juramos que encontramos a saída. Logo, logo vem o amor e nos prega a verdade de que estamos mais presos ainda no ato de ser romântico.

Mas " a saida é nunca desistir de procurar a saída".

Para encerrar esse nobre texto numa sexta-feira calma e quente, precisava colocar uma frase de Wagner Moura e Letícia Sabatela no filme Romance, do diretor e Roteirista, Guel Arraes.

Valeu por hoje, nobres simpatias.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Órfão de circo.

O riso das crianças que correm por esse mundo soa tão baixo quanto a presença de um bom palhaço num circo iluminado por entre nossas vidas. Desde que saí de São Lourenço, em 2005, que não escuto uma história referente a um bom circo, a um palhaço trapaceiro, um equilibrista fantástico. Tudo isso oriundo da cruel necessidade do mundo que nós acostumamos a chamar Realidade. Tanta correria, movimentações intensas e conversas aguadas dentro de ônibus, filas de bancos, do passe fácil - agora vem - matrícula de pré-vestibular que esquecemos a nossa natural alegria de ver o mundo. Nos falta o verdadeiro palhaço, nos falta o circo velho da infância.

Mesmo nesse corre-corre indeciso, que corremos sem saber pra onde, tem surgido um vento diferente a soprar nossos horizontes. Nos últimos dois anos visitei a dois festivais de circo: um, no treze de maio, e outro na torre Malakoff, Bairro do Recife. Mas há de se ver que é pouco em relação a nossa real necessidade de alegria. Que tipo de circo vem ao Recife e atrai os bons olhinhos dos órfãos da alegria circense?

No meu imaginário, um modelo de circo ideal era aquele que as lonas batiam com a força do vento, que o apresentador pigarreava ao gritar, freneticamente, “respeitável público” e os famosos vendedores de algodão doce, pipoca caramelada e balões coloridos se apertavam na saída do espetáculo. Eu sinto saudade desse tempo de circo, cujo espaço todos freqüentavam com a roupa que vestiam em casa. Hoje, o tipo de circo mais venerado é diferente desse que me lembra a terra natal.

Lembro muito bem que, quando o relógio batia 17h, rodava por toda a cidade uma Brasília azul, com alto-falante rouco anunciando estrondosamente:, “Atenção, Atenção! Logo mais, ás 19h, o Circo Alacazan”. E tocava uma musiquinha que me enchia de expectativa. Era um pan pan ran fantástico. Todos forçavam os ouvidos de casa enquanto a Brasília passava e depois juntávamos na rua uns aos outros e planejávamos milhões de coisas para a noite que demorava chegar. – Ah, eu quero ver a Bailarina. Ela dança muito bem.

- Eu quero vê o mágico puxar da cartola o que eu pedir na hora. Quero vê só se ele é tão bom como diz.

Li no jornal hoje cedo que o Cirque Du Soleil está chegando ao Recife. Circo com cara de cinema. As acrobacias e os números mágicos são, essencialmente, de outro mundo. É uma arte fantástica, porém nada acessível àquele garoto – que sou eu – lá de São Lourenço, que tem a imagem que todo circo é de lona furada, palhaço sem graça e bailarina entrevada. Sem falar no mágico peba e as enrolações do apresentador tentando apagar o erro dos personagens.

O valor, também noticiado no jornal, variava entre 200 e 400 reais. Muito caro, gritou Roseli, minha querida companheira e secretária do Lar, que também é de São Lourenço. A danada ainda fez questão de lembrar, depois que li em voz alta o texto, que bom mesmo era o Alacazan de São Lourenço. É verdade. Sabiamente lembrou Roseli. Muito embora hoje o estilo de Circo natural seja o Soleil, me corrói por dentro o saudosismo ufanista do meu circo, que não existe mais, e que só me deixou lembranças de uma infância recente e que se vai por entre as lembranças, foto, conversa. Lembrança que anda cansada e acelerada por essa vida louca e esquesita, repleta de correria e velocidade que nos leva a lugar nenhum, senão a um lugar onde reside a saudade do tempo que o riso era mais igênuo e não tinha preço. Lembrança que me faz perceber, todos os dias, que sou um órfão confesso do brilhante, velho e surrado circo Alacazan.

Sem mais, respeitável leitor.

sábado, 21 de março de 2009

O amor alimenta.

Você fugiria comigo? - perguntou ele, nervoso. Fugir, como assim? - Espantada, ela responde indagando: E como haveriamos de viver? De que viveríamos, meu anjo? Ora, simplesmente viveríamos de Amor.

Diálogo dos personagens Jamal e Latika, do filme Quem quer ser um milionário?.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A sombra da ausência

Não suga friamente o que sobra de mim mesmo
Reveste os teus sinais para não me encantar.
Sou tendencioso à ilusão.
Não suga do mundo total alegria
Despeja em meu rosto a mais pura poesia.
Sou tendencioso ao amor e ao coração.

Se Desconecta,vai, mas não tão de repente. 
Vai macia, como o vento em fim de tarde.
Me diz um não, mas sem alarde...
Me diz um "Tchau", mas não diz que cheguei tarde.
A dor da despedida é a que mais arde
Principalmente por não tê-la mais.


E tu jogas em mim a dor de uma penitência
Por eu viver ás escuras, nas noturnas
Á sombra de tua ausência

segunda-feira, 2 de março de 2009

Estende-se o tempo..

A cada batida do relógio parece que o tempo vai se esticando. 
O sol nem aparece durante os dias para indicar que é dia.
A poesia adormece durante a ausência dos toques dos
Lábios.
Insensato ato de ser e pensar em atingir tua face em segredos.
Corroer do medo, da ânsia de chegar no dia e não saber o que
Falar.
Há de se achar algo perfeito, combinações pares para nós dois. 
Encontrar a calma da tua mão ao encostar a minha...
E juntar a eternidade do tempo que passa até chegar ao teu dia
à eternidade finda que se dará de nós dois juntos
E eu ei de nascer mais uma vez no teu brotar da noite, segurando
em teus sorrisos a morte da solidão.