terça-feira, 11 de outubro de 2011

Barulho de bomba. Sirene. Os corpos amontoados no chão. Do outro lado da cidade, aproxima-se um eco informando que há alguma coisa estranha. No lado oeste, homens que desfrutavam de um descanso razoável na hora do expediente, obedecem à ordem do comandante de farda. O padre interrompe sua tradicional paciência e passa a rezar desesperadamente. Silêncio. Outra bomba. A criança chora o poder inesgotável de sua ignorância. O militar grita honrando sua tarefa, assemelhando-se a um herói. Um cineasta registra tudo porque a cidade em devaneio, posta numa tela de cinema com seu nome, representa sua lucidez numa era de crises e pessoas insensatas. O jardineiro prefere adormecer sobre o jardim. Diz que protege suas flores. O sol, ainda das 15h. é fechado por um nebulosa poeira, antecipando a noite. O garoto, desentendido, abraça a bola atordoado. Outra bomba. A vó perde o prumo da agulha do crochê. Ao mesmo tempo, o médico põe a bata e confere todas agulhas do Hospital. As portas se abrem. Há pouco leito no Hospital. A placa de Emergência silenciou sua cor vermelha. Faltou energia no mundo. Outra bomba, muita próxima, um som alto, não se consegue mais entender nada...Não há palavras porque não há vida.