domingo, 29 de julho de 2012

Uma ode às rasteirinhas.

Ah, o domingo. Esse dia universal do descanso, da calma, da paciência. Dia de acordar um pouco mais tarde, mas também de acordar novamente cedo só para bater uma bola com os amigos, dar um banho divertido no cachorro. Ou simplesmente acordar cedo para ficar sabático na aurora. Levantar-se, olhar o mundo, coçar o cocuruto do papagaio, passear pertinho das plantas, conversar com o vizinho que acordou cedo pra fazer a mesma coisa. Acordar e comprar um pão quentinho, ler as matérias deliciosas do jornal de domingo, aquela que fala de história, de moda, de música, que fala dos assuntos do domingo. O domingo, esse dia da leveza. 

A leveza do domingo é que faz o pensamento correr solto. A segunda-feira só é ruim porque há uma ressaca dos pensamentos soltos do domingo.  Domingo, essa maior inspiração para o poeta. E foi um desses pensamentos soltos do domingo que me assaltou na crônica de hoje. 

Há quem comece o domingo pelo avesso. É aquela ou aquele que chegou embriagado de alguma formatura do sábado anterior e, por descuido, perdeu a sensação matinal do despertar do domingo. E hoje uma linda dama, com um longo vestido, atravessou minha visão embaralhando meu lento raciocínio de domingo. 

Ainda estava cheirosa, com o perfume despertando as rosas. Descabelada, como que amante do vento. Sorridente, como que generosa aos sórdidos rapazes. Mesmo bêbada, acertava os passos, equilibrava-se num salto 07 cm, uma ferramenta da estética feminna que a desmonsta de qualquer forma. 

Como todo domingueiro que sou, não gosto dessas imponências. Desses diminutos arroubos, que passam ao largo dos olhares masculinos também embevecidos com essa arrogância que se reveste de luxo. Não gosto dos saltos. Fico preocupado, um medo me toma quando vejo uma mulher passar de salto alto, principalmente os finos. Além da deselegância, há um clima de adrenalina, um desafio íntimo entre todas elas. 

Não, não gosto dos saltos. Prefiro as rasteirinhas. A rasteirinha é que nem o domingo: é leve, feito para um samba, para uma reunião de negócios, feito para o dia. para um caminhar. Mulher com sandálias rasteiras, assim como o domingo, é uma inspiração para o poeta, é uma sedução. As rasteirinhas preservam a liberdade feminina, aguçam aquilo que nós, homens, amamos nas mulheres: suas habilidades de gestos. Cuida da coluna, a mulher anda solta e leve, como o domingo. 

Ah, esse domingo, tão rasteirinho, tão feminino. Ah, o domingo....


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