domingo, 25 de outubro de 2009

"O problema não é o passado, mas o futuro."

Eu tive um sonho um pouco estranho no último domingo. Um sonho daqueles que nos prendem na cama até a hora que os olhos não agüentam mais dormir. A história construída em minha mente. Aliás, não fui eu quem construiu esse sonho. Foi ele. No sonho havia duas pessoas, um homem e uma mulher.


Ele “, o que sonhou toda essa história, se apaixonou por ela intensamente, tipo amor platônico, daquele tipo feito pra sofrer. Era o verão de 2006. Agitadas transformações movimentavam o cenário “dele” naquele ano, tão sinuoso, tão completo e incompleto ao mesmo tempo. “Ela” chegava como uma parte do cenário da vida dele, completando os sentidos, preenchendo os espaços, ou simplesmente abrindo vagas na razão de quem se descobre ser um amante. Ele se descobriu amante. Também descobriu ser uma pena ela não perceber isso, muito menos acreditar numa aposta para o futuro. Depois de algumas tentativas, cartas e declarações, “Ele” percebeu que

“Ela” não queria, achava que os dois não combinavam, apenas o admirava muito, o tinha como um super amigo.

“Ele” não conseguia entender a posição dela. Respeitava, mas por dentro o amor o desfigurava. Tinha cenas de ciúmes, mas nunca deixava que “Ela” descobrisse que por dentro “Ele” morria de ciúmes.

E isso aconteceu durante amargos 3 anos, até Ele conhecer outra pessoa.

A terceira pessoa que surgiu na história conseguiu chamar um pouco de atenção, cuidar dele...

E pronto: a paixão fulminante foi se apagando da mente. Contudo, 3 anos depois, com uma amizade fortificada, os dois se reencontram em uma festa.

Beberam, conversaram, “Ele” tocou no violão a música que “Ela” gosta de ouvir, e do nada“Ele” roubou um beijo da garota

Ela o olha, espantada, perguntando o que fora aquilo.

Ele não sabe o que dizer, mas por dentro queria beijá-la de novo.

O tempo passa, os dois se aproximam novamente e outro beijo é roubado.

Dessa vez o silêncio da vítima pairou. “Ela” baixou o rosto com os olhos risonhos e envergonhados, dizendo ao rapaz: "Melhor não, para não acordar e trazer à tona nossa história".

Ele a fez acreditar que nada vai fazer o platonismo retornar. E os dois ficaram a noite toda...

Beijaram-se fortemente, se tocaram... Com aquele triste acordo de o amor não voltar. No meio da noite "Ela indaga se o passado pode enganar uma amizade tão bem construída. "Ele" responde, com toda sinceridade. "O problema não é o passado, mas o nosso futuro".

No outro dia, ele acorda FELIZ da vida, mas se perguntando:

O que será de mim agora? Até que ele vai até a mesinha e pega Antologia Poética, de Drummond, na página 74 e lê com as lágrimas molhando as páginas o poema "Carta".

Bem que quisera escrevê-la

com palavras sabidas,

as mesmas triviais

embora estremecessem

a um toque de paixão.

Perfurando os obscuros

canais de argila e sombra,

ela iria contando

que vou bem, e amo sempre

e amo cada vez mais

a essa minha maneira

torcida e reticente...

Vai-se tornando o tempo

estranhamente longo

à medida que encurta

O que ontem disparava,

desbordado alazão,

hoje se paralisa

em esfinge de mármore

e até o sono, o sono

que era grato e absurdo

é um dormir acordado

numa planície grave.

Rápido é o sonho, apenas,

que se vai, de mandar

notícias amorosas

QUANDO NÃO HÁ AMOR

A DAR OU RECEBER

quando só há lembrança

ainda menos, pó

menos ainda, nada

nada de nada em tudo...

Em mim mais do que tudo

e não vale acordar

QUEM ACASO REPOUSA

NA COLINA SEM ÁRVORES

Contudo, esta é uma carta.

E de repente ele saiu da certeza do NÃO AMOR para a infinita incerteza que é o TENTAR MANTER NA BOCA O GOSTO DO BEIJO DE QUEM SE AMA. Que é um retardar do engolir da saliva, um prender os lábios para que a brisa não leve aquele sabor da boca. É tentar dormir de olhos abertos para não correr o risco de sonhar.

E o que lhe resta é evitar qualquer paixão súbita, porque pode ser suicídio. Mas na carta que ele escreveu endereçada a ela, havia apenas duas frases: "O inacreditável se concretizou e continua inimaginável. O acaso às vezes nos faz ver o lado bom do absurdo. Obrigado pela noite!"

E assim terminou.

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