domingo, 1 de abril de 2012

Travessias.


É indescritível a imagem: um jovem senhor de cabelos grisalhos, acomodando os seus extensos e bem vividos 80 anos, reencontra uma grande amiga de juventude, dos tempos do curso de História na Universidade Federal de Pernambuco. Estasiado, ele não consegue se referir a ela no hoje. Somente o ontem ocupa o espaço das emoções. Muitas saudades, nostalgia, amores perdidos pelo tempo. Ele busca o abraço dela como se tentasse reativar o relógio de sua vida, apontando o ponteiro para o tempo exato do recomeço. Suas linhas, suas narrativas de gesto se insinuam como autoridade em si. Dentro de gestos, apenas um consegue definir o que ele sentia por ela, naquele momento: simplesmente, ao fechar os olhos e permitir que as lágrimas dessem o tom de sua reconciliação. À sua frente, extremamente saudosa, estava a vida, fragmentada, exilada, esquecida, adormecida, vivente.
O seu 81° ano de vida, desse nobre senhor que dilata esta história, começa nesta segunda que, como todas, é uma breve travessia, e entre uma fissura e outra, há anos, há histórias e muitas, muitas vidas para se tecer.

Que nasça, novamente, um breve espaço de contos sobre a vida, o homem, o seu time preferido e a cidade que, dolorosamente, ele vive em crise, depois de intensas paixões. Assim é o roteiro da História.

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