quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Fevereiro por trás de Agosto.

O problema quando chega agosto é a saudade que dá de fevereiro. A saudade daquele agarrado, da tinta no corpo, do porre misturado de cerveja com cana, de mijar nas paredes da cidade sem constrangimento. 

O problema é que em agosto a consciência se revolta e procura ensaiar, a qualquer sexta-feira mundana do meio do mês, um fevereiro qualquer, meia boca, um projeto de segundo mês do ano. A gente fuça a estante, procura um disco de Capiba, bota no MP3 e fica se contendo dentro do ônibus, frevando apenas as pontinhas dos dedos enquanto viaja uniformizado para o estágio. 

O problema de agosto é que toda sua semana ventilada demanda um calor de fevereiro, exala uma ânsia por beber com os amigos, de sentar numa mesa do bar e, naquela muvuca ébria, onde os amigos se confundem no amor, jurar que estar num Ceroula, num Eu acho é pouco, um Amantes de glória. 

O problema de agosto é que você passa o mês com o seu chefe comentando em casa que você anda muito distraído, simplesmente porque você fica à toa, ali pelas 14h, imaginando onde seria o bloco do dia, logo mais à noite. 

O problema de agosto é que, vez ou outra, você se toma como altruísta e passa a imaginar a dor ou a solidão de quem passará o próximo fevereiro longe do Recife por causa de um trabalho, congresso, por causa de um abestalhado pacote turístico ao Rio de Janeiro só porque sua cunhada foi pra lá em Setembro e adorou. 

O problema de agosto é que você resolve namorar, se entranha com alguém e descobre que, em fevereiro,serão 07 meses e aquela sensação de comemorar uma data importante justamente na época da euforia.

O problema de agosto é que, enquanto o autor deste blog tece estas leseiras, seus amigos estão por aí, em sala de aula, educando a mente dos futuros foliões; estão numa enfermaria, cuidando dos corações ansiosos por fevereiro; estão fardados da força militar, garantindo a paz e a sobrevivência do povo para a folia do ano que vem; estão garantindo a internet, para que a galera compartilhe fotos e sorria discretamente na frente do computador com uma foto nostálgica; estão por aí, ocupando-se, enquanto este aqui, por trás desta máquina, lamenta fevereiro estar tão longe. 

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