quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Escolhas e rótulos

Alguns historiadores atestam que a mania de vestir, rotular, dar nome às coisas é costume ocidental. O que enche essa afirmativa de verdade é  a Colonização dos Portugueses, que se espantaram com a forma dos índios se portarem  em sua sociedade: completamente nus. É como se fosse puramente inseguro obter qualquer coisa sem identificação. 

No interior do país, principalmente no Nordeste, precisamente em São Lourenço da Mata, tem-se a mania de colocar além do nome, um apelido. No interior distante é mais para uma questão de reconhecimento, ou melhor, discernimento por conta da quantidade extensa de pessoas com o mesmo nome. Na Paraíba, na cidade de Santa Rita, um amigo me contou que tem três Josés, cinco Joãos e seis Marias na mesma rua. A saída é usar as abreviações dos nomes ou os defeitos físicos dos ditos cujos. Como Maria cangáia, José "cheiro de Bunda". 

Outra coisa interessante dos rótulos sãos os produtos que consumimos e, segundo meus amigos dos Direitos Humanos, tem muito também da sedução alienadora das propagandas. Mas, quem nunca chamou achocolatado de Nescau, Leite condesado de Leite Moça, que atire a primeira pedra. Melhor ainda: quem nunca chamou esponja de Aço de Bombril, Fita adesiva de Durex, Cópia de Xerox, Lâmina de Barbear de Gilette? Coisa do subsconsciente e do senso comum. 

Nas cidades marcadas pela tradição e de postura conservadora há uma grande movimentação com o Batismo. Muito oriundo da cultura católica e, claro, da lógica dos nomes. Os antigos Coronéis faziam a maior questão de escolher o nome do Filho, principalmente se fosse homem. 
A mãe dizia que queria Rafael porque era um nome doce, de artista e combinava com o filho. O pai queria Manoel, João, Astrogildo, Fernão Alencar, alegando "força" no nome. Tudo bem que o filho tivesse o nome forte, mas nunca houve um caso que indicasse fragilidade por nome. 

Coisas dos nossos rótulos, de nossa necessidade de vestir alguma coisa. Na maioria das vezes, baseados em preconceitos. Na estrutura da formação social principalemente. Para quem é estudante e está nessa famosa dúvida do vestibular, depara-se com essas frases feitas ridículas: Quem é de Direita faz Direito e quem é de Esquerda faz história. Se bem que, metaforicamente, é verdade, mas não tem nenhum fundo de verdade, issso não é uma regra, e sim um grande rótulo. Cuidado com suas escolhas, para elas não serem vítimas de um rótulo. 

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