Não se acanhe com os arroubos dos
adversários. São pompas efêmeras. Sabemos que, no íntimo, somos grandiosos.
Olhai teu passado e, de leve, braveja. Quantos caminhos trilhados com glórias.
Olha, mais uma vez, e repara na massa lá fora, que chora – de alegria; que tem
fé, que veste a camisa, invade o campo, se banha na piscina da sede nas comemorações,
que sofre de ansiedade a semana inteira pelo jogo do glorioso.
Olha a moça que se aventura na
garupa de uma cinquentinha, sem capacete, e abraçada ao seu rapaz ruma direto ao
Arruda. Juntos, verão a alegria de uma massa em êxtase pelo clube. Olha,
discretamente, aquele senhor aposentado que cruza a rua do canal com a Beberibe.
Radinho ligado, passos nervosos, camisa padrão número 02 do ano de 1997. Ao
lado daquele homem, assossegado na aposentadoria, caminham juntas a esperança
da vitória, no próximo jogo, e a lembrança de um antigo escrete, como aquele de
Givanildo, ou o de Zé do Carmo, que não sai da memória.
Avante, meu tricolor. Não dê
ouvidos aos arroubos. Use a memória como orgulho para o futuro. Estenda a
bandeira, sacuda a poeira do marasmo e bota esse time em campo. Mostra ao
habilidoso, mas inibido Caça-Rato que o time tem poder de fogo. Manda pra
escanteio essa tendência fúnebre de submeter o futebol aos melodramas do
mercado. Aglomera em torno de si, com muito churrasco, cerveja e frevo, todo
empresariado que torce por você. Faça-os desembolsar uma grana. Garanto: do
aposentado ao executivo, todos acreditam.
Faz uma força. Não deixe que a turma passe o carnaval em depressão esse ano. Em São Lourenço da Mata, a turma
coral tá com uma sede danada. Seu Mizael Freitas dos Anjos, mais conhecido como
Bael, só serve a cerveja gelada quando o Santinha tá disposto pra vida. Meu
tricolor, avante! Olha esse povo esperando teus passos de retorno. A euforia é
única quando vibramos tua vitória.
Cativa a mocinha, o pirraia bom
de bola, a coroa do vovô. Quero ver o Arruda lotado. O terror do nordeste
atiçando a mundiça, como é apelidada a
torcida coral pelos adversários injustos e sem juízo. Chama esse povo que se
bronzeia na geral, que veste as três cores com um orgulho nato, coisa de
batismo, genética ou mitologia. Grandiosidade épica, que somente poetas como
Capiba e Samarone Lima podem narrar.
Vibra com aqueles gols de classe, que apenas cabem na narração de um Ivan Lima,
Adilson Couto ou Jayme Cisneiros. Chama esse povo que faz de um clube um
movimento popular, com hino, manifesto e proposta para o mundo. Time que é quase uma obra de Antonio Maria, uma pintura de Cícero Dias.
A revolução nasce em Pernambuco e
tem três cores. Quando o meu tricolor joga, os jornais se deliciam. É notícia
pra três dias, com direito a reportagem especial e pôster no caderno de
esportes. Os colunistas não encontram outro assunto. Lenivaldo Aragão volta e
meia tinha o santinha no título. Marcelo Cavalcante já deve ter notado que o
Blog dele fica mais visitado quando tem o santinha como assunto.
Avante, meu tricolor. Repara tua
majestade. Teu posto de rei e único time com torcida nesse estado continua intacto.
O bicampeonato pernambucano espera uma atualização. O tri é nosso. Larga essa
tensão, esse marasmo e vamos deixar a alegria retomar seu posto aqui no Arruda.
Avante, meu tricolor. Avante.
Tirando o título de injusto e sem juízo, o texto está ótimo! Por hora, vi um vídeo e ouvir sua voz narrando kkkkk...
ResponderExcluirMas aí, esse ano o pernambucano será disputadíssimo. E o timbu vem de uma bela campanha. Vamos ver no que é que dar.
Abração, parabéns pelo blog!
Mota