sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O encontro com Galeano na padaria.

Hoje, eu tinha um bom texto para escrever. As ideias me ocuparam o dia todo. No ônibus, me coçava para chegar em casa logo e escrever esse texto. Mas o cansaço brochou o pensamento, atrapalhou o fluxo das letras e engarrafou a coragem. E para melhorar a situação de vocês, meus leitores, quem encontrei há pouco misturado ao povo na padaria foi Eduardo Galeano. Ele, esse mestre da arte, do pensamento e das letras,  fala melhor do que eu de todas as impressões que tive  da padaria, depois de comprar meu pãozinho tradicional. É lá que me confraternizo, que me queimo nesse fogo brilhantemente ardente do Galeano. É lá que dou um Caps Lock na minha humanidade, onde escuto boas histórias, onde vejo que não há conflito entre as diferenças.  Na saída, meio saudoso, Galeano  me ofereceu um texto, que sirvo para vocês, com manteiga e afeto. 

Prometo amanhã oferecer um texto a Galeano e, quem sabe, ele, carinhosamente,  compartilha com vocês no facebook. 

O mundo. 

"Um homem da aldeia Négua, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. 

- O mundo é isso - revelou - Um montão de gente, um mar de fogueirinhas

Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos , fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo."

Assim, voltei pra casa, depois de uma conversa de pé de ouvido com Eduardo Galeano. 

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