quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Nas vias da saúde.

Meu pai comprou uma bicicleta. Linda, consegue alcançar uma velocidade interessante, muito disso por conta da leveza de sua estrutura de alumínio. Mas caso desista do movimento, dois freios a disco sustentam o meu peso e contém a pressa. O único incômodo até agora é a sela, que tá deixando os países baixos um pouco estranhos depois do passeio, e o pedal, que tem uns cravos de segurança antiderrapante. Mas nada que um sapato não resolva o segundo problema. Já o primeiro...só o tempo. 

Pra quem não entende bulhufas de bicicleta, a bicha é uma máquina. Tou só esperando a recuperação financeira dessa para, junto ao meu pai, investir em outra, para que a gente possa juntos curtir o Recife por outro ângulo, aproveitar os ventos mais tranquilos de setembro. 

Da bicicleta o ponto de vista é outro. É mais tranquilo, mais ameno, menos rancoroso, menos intransigente. Nessa minha retomada ciclística, já percebi outro mundo, outros comportamentos. Percebi que os ciclistas são mais educados que os motoristas. Em cruzamentos ou pequenas ciladas no meio da rua, todos se prontificam a uma solução. Depois de resolvida a situação, um aceno, um balançar de cabeça bem gentil, que chega a parecer um combustível para as pedaladas. 

Acho lindo as crianças, que usam os seus sininhos para uma conversa em código no trânsito. Um trin-trin charmoso. Vão ali, na sua pequena introdução à sociedade. Compartilhando experiências com seus amigos, entendendo melhor sobre equilíbrio, argumentando mecanicamente sobre as rodinhas, o desafio da velocidade, os melhores roteiros. 

Vou pedalando e compreendendo a pressa dos mais velhos, com seus veículos mais robustos, com bagageiro, uma bolsinha com a farda e as ferramentes presas atrás e a esperança de encontrar em casa a esposa já de volta do trabalho e o  menino fazendo a tarefa de casa. 

Ainda não encontrei aquele pessoal do Corujaqueira. A galera é muito organizada, uma finesse só. Primeiro, que eles só andam em bando, o que deve ser bastante divertido; segundo, que são extremamente educados, preocupados com causas ambientais, com a saúde, são politicamente atraentes. Além, é claro, do ímpeto explorador do Recife, de cortar grandes distâncias na limitação das duas rodas. 


Isso me faz lembrar meu amigo Terêncio, que tem tudo a ver com esse povo do Corujaqueira. Terêncio é extremamente empenhado em seus desafios. Em 2009, ele topou ir comigo até o Recife Antigo. Na época, minha bicicleta não era uma grande máquina, mas aguentou nossa jornada, e ainda seguiu conosco até Olinda, em pleno fervilhar das prévias. A demora é só Terêncio voltar de Natal para a gente agendar uma pedalada até o Brenand, aqui na Várzea. 

A outra demora também é o meu condicionamento físico. O tempo gosta de zombar do homem. Mesmo em intervalos tão curtos, já deu pra perceber a diferença, o avançar da idade, as duas décadas pesando mais de 70 kg e a dificuldade da cerveja e das gorduras deliciosas saírem do corpo depois de 30min de exercício. Já tou me resolvendo para não ouvir de um coroa de 60 anos, embalado na sua pequena maratona, esnobando a minha fragilidade com  o clássico "Tão novo". Tão novo é uma merda. 

O sedentarismo é uma tendência entre os Universitários. Meus amigos de sala ainda insistem em marcar uma pelada, mas poucos comparecem. Atrasam. Depois, na hora da resenha de mesa de bar, aparecem uns 15 comentaristas. doidos por cerveja e uma boa conversa. Mas correr, ninguém quer. Eu tou mudando essa concepção. Já comecei pela bicicleta, curtindo o mundo às pedaladas. O próximo desafio será um Pilates. 

Pode parecer estranho, mas eu sou mais lerdo, mais intimista. Vou pelas beiradas, como um passeio de bicicleta nas ruas sem ciclovias do Recife, driblando o sedentarismo inconveniente, mal-educado, veloz,  que tenta parar nosso trajeto rumo á saúde. 







Um comentário:

  1. Afonso como sempre com seu olhar peculiar perante coisas simples da vida, mas que contadas por ele faz um "exercício físico" e "mental" parecer um bolo de chocolate. Vamos voltar com tudo sim meu caro para entrar em forma. Vamos chamar uma galera e pedalar pelo menos duas vezes na semana.

    Até logo.

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